Sunday 29 April 2007

O aparelho do PSD

Andam a dizer que os boys do PSD só garantem a sua manutenção na câmara se aceitarem Marina Ferreira como presidente.

Mas vejamos: o que é normal é que Carmona, que encabeçou a lista continue a presidir. Outra solução enfraquece a actual maioria.

Nenhum outro partido defende a teoria de que um arguido deve saír, portanto a permanência de Carmona será o "normal". Com este cenário, só uma posição irresponsável de Marques Mendes ou Paula Teixeira da Cruz poderá fragilizar este cenário.

A saída de Carmona obrigará a dividir o poder (e os lugares) com outro ou outros partidos. Implicará o PSD mais frágil e mais dependente de outros partidos, quem sabe refém. Será este o cenário em que os militantes do PSD ficam com maior domínio? Seguramente que não.

Com a saída de Carmona Rodrigues, as eleições antecipadas serão uma questão de tempo. E nessa altura os militantes do PSD deixarão de ter os lugares que agora ocupam...

2 comments:

Anonymous said...

Seria mais justo que Mendes colocasse a fasquia da quebra de confiança política no momento da acusação.


Quando Marques Mendes colocou a fasquia da quebra de confiança política nos autarcas no momento da constituição de arguido não previa certamente a hecatombe que se está a verificar em Lisboa.

Mendes marcou pontos no campo da ética política, tão cara aos cidadãos, quando prescindiu de vitórias fáceis em Oeiras e Gondomar em prol da transparência e de uma imagem mais impoluta dos candidatos do seu partido

A investigação aos negócios da Câmara de Lisboa com a Bragaparques não levou o líder do PSD a baixar a guarda da coerência e, por via disso, já suspenderam funções dois vereadores eleitos pela lista laranja. Mas agora a constituição de arguido bate à porta do próprio Carmona Rodrigues. E Mendes está refém das suas palavras. Carmona deverá suspender o mandato ou entrar em rota de colisão com o líder do partido que o elegeu. Mas concretamente o que significa a constituição de alguém como arguido? Apenas o facto de o Ministério Público ter suspeitas ou indícios da prática de crimes. Suspeitas ou indícios que podem ser afastados pelo próprio Ministério Público no momento de acusar ou arquivar.

Teria sido mais prudente, e até mais justo, que o líder da oposição colocasse no momento da eventual acusação a quebra de confiança que tem levado os seus eleitos a suspenderem os mandatos. Assim, é possível o cenário absurdo da queda do executivo camarário da capital ainda antes de qualquer acusação consolidada. E o que dirá Mendes se perder Lisboa e os seus eleitos não chegarem a ser acusados?
Octávio Ribeiro

Anonymous said...

Carmona Rodrigues veio prejudicar o bloco central...

Uma parte importante da razão de ser desta situação e do rumo que parece quererem dar a Carmona Rodrigues tem que ver com os interesses do PSD e do PS há muito existentes na câmara de Lisboa.

Carmona Rodrigues começou a colocar em causa os entendimentos entre os odis maiores partidos na partilha do poder. Até agora, os vários lugares de nomeação em empresas municipais eram distribuídos entre os boys dos dois partidos. Basta ver a EPUL, GEBALIS, as SRUS, etc.

O PS e o PSD têm sempre necessidade de alimentar os seus homens do aparelho. Carmona começou a colocar isso em causa. Deixou de respeitar essa conduta, esse acordo tácito.

Carmona vem de fora do sistema e colocou o sistema em causa. O presidente da câmara quis começar a utilizar um critério mais sério de nomeação, não olhou aos equilibrios partidários.

Também quanto a corrupção, Carmona pediu uma investigação profunda no urbanismo, pediu ao procurador que tudo fosse investigado. Com esta atitude colocou muitas gente em causa. Começou a colocar em risco a sobrevivência de muitos esquemas...

Carmona Rodrigues veio de fora do sistema. Colocou o sistema em risco. O "sistema" está a tratar de sobreviver...

Anónimo