Wednesday 2 May 2007

Carmona Rodrigues é de outra casta

O Túnel do Marquês foi finalmente inaugurado.
É uma obra municipal da maior relevância para a cidade de Lisboa.
Venceu a capacidade de planear e fazer; fez-se a prova
de que é possível governar
projectando um futuro de eficiência dos equipamentos,
bem-estar das populações
e criação de condições de desenvolvimento económico.
A cidade deu o maior passo para a modernidade.

Está derrubada a principal barreira ao escoamento de tráfego automóvel de quem entra, sai ou simplesmente circula em Lisboa; a imensa fonte de poluição secou.
Como é habitual em Portugal não foi fácil lançar e realizar a obra.
Santana Lopes tomou a iniciativa e o Professor Carmona Rodrigues concretizou, revelando-se um político persistente, determinado e de bom senso.
Todo o esforço de José Sá Fernades para manter bloqueada a modernização da cidade caiu por terra e reduziu este menino burguês, rico e mimado à expressão da indigência das inutilidades públicas, dos frustrados face à extensão, a todos os comuns mortais, de direitos que ele próprio reservava apenas para si.
Atrasou o progresso dois anos mas foi vencido.
Provocou um incomensurável aumento de custos, despesas e outros encargos à cidade e aos cidadãos mas falhou porque todos nós, ricos e pobres, zèquinhas-bem e as gentes sem berço dourado, todos circulamos agora nas mesmas estradas,com a mesma comodidade e bem-estar.
Este rapaz travesso, tão horrorizado com a invasão da cidade por multidões de gente comum, que não medem distâncias e ousam perturbar a ambiência amaneirada, no sotaque e pose e no resto, da casta dos típicos meninos das avenidas novas ora atertuliados nos centros históricos da moda - este rapaz não é desconhecido.
Há meia dúzia de anos era conhecido nos círculos forenses e, em particular da advocacia, como o advogado dos buracos.
Todos os dias, o sr. dr. fazia pequenas incursões pelas ruas, travessas e avenidas à procura de buracos, falhas no asfalto ou pedras da calçada removidas. Um conduta rebentada era ouro e um taipal menos aprumado enchia-lhe as medidas.
E todos os dias lá ia, com a excitação de adolescente retardado que ganhou uma prenda, redigir a queixa e propôr acção contra a Câmara de Lisboa no tribunal competente.
Desconhece-se quantos ganhos de causa obteve. Mas, sem dúvida, sabe-se que seu ego exibicionista enchia como balão de sopro e presume-se que a sua lista de pendências atingia o tamanho da sua arrogância. E a profundidade da sua inutilidade.
Hoje é vereador e representa essa inutilidade pública que agrega stalinistas, trotsquistas, maoistas e outros simplesmente diferentes, que, em comum, só têm a condição de nunca lhes ter faltado dinheiro para realizar caprichos e as excentricidades.
Vamos ter de continuar a ouvir falar dele e nele, por enquanto. E das cabalas que inventa.
E mais: continuará a atrasar obras; mas não conseguirá demolir o betão.
Especialmente quando a massa do betão é a dignidade e a honra das gentes dignas e honradas.
Carmona Rodrigues sabe isso ... porque é da outra casta: a da simplicidade, do trabalho e da honra.

Anónimo

4 comments:

Anonymous said...

Carmona, o Conquistador


Naquele tempo, quase todos os alunos do professor Leandro Ferro eram conhecidos simplesmente pelo seu apelido. Algo que, entre muitas outras coisas, ficara firmemente estabelecido pelo nosso professor logo nos primeiros dias do já longínquo mês de Outubro de 1962.
Curiosamente, eu era a excepção. Todos me tratavam por Zé Carlos, professor incluído.


Uma bela manhã de primavera, na soalheira Escola Nº 24 do Bairro de S. Miguel, enquanto brincávamos no recreio ainda excitados com a empolgante descrição histórica da Tomada de Lisboa (um dos inúmeros episódios da História de Portugal recriados com a imaginação brilhante e o admirável talento do nosso professor), aconteceu algo de extraordinário que nunca mais esqueci.
Quando eu corria pelo pátio com os meus colegas sentindo-me, tal como eles, um cavaleiro de D. Afonso Henriques, perdi o equilíbrio e caí desamparadamente sobre um grande canteiro de flores recentemente plantado.
Não me magoei, mas como o estrago foi grande, o impiedoso jardineiro correu de imediato a participar o prejuízo ao professor que, para azar meu, tinha-nos recomendado momentos antes que ficássemos bem longe do dito canteiro por alguns dias.
Regressados á sala de aula, todos sabíamos qual o destinatário das reguadas que já se adivinhavam, porque, para aquele professor, a impunidade era amiga da desobediência.
Alguns dos meus colegas sorriam de prazer sádico pela desgraça alheia, tal como provavelmente eu próprio me rira deles em situações idênticas. Tolerável, pois tínhamos apenas sete anos.
Quando, após breve justificação para o acto, o professor ergueu a régua no ar e eu, de olhos fechados, me aprontava para conter na garganta o primeiro grito de dor, ouvi uma voz atrás de mim, que ainda hoje ressoa na minha memória:
- Fui eu que o empurrei... Foi sem querer mas… fui eu.
Ainda incrédulo, volto-me e vejo-o de pé, com o seu semblante sempre tranquilo e pacífico: era o Carmona.
Quando já alguns de nós, poucos, pensavam que seria então o Carmona o grande candidato a ocupar o meu lugar de suplício, o professor Ferro, visivelmente comovido, apertou-lhe a mão louvando o seu acto.
E, como não podia deixar de ser, aquele enorme pedagogo aproveitou de imediato a ocasião para, mais uma vez, nos dar a conhecer a importância dos valores supremos da honra, da dignidade e, como sempre, da justiça.
Ele acreditava que, tal como Lisboa em 1147, o carácter também se conquista.
Foi nesse dia, no dia da sua primeira “tomada”, que o Carmona foi “armado cavaleiro”.


Concluída a instrução primária não mais voltei a cruzar-me com ele. Mas, por nunca o ter esquecido, reconheci-o de imediato quando há alguns anos o vi pela primeira vez na televisão.
Ocorreu-me então um pensamento sombrio: como poderia uma pessoa como o Carmona manter-se vivo no mundo do embuste e da falsidade que, no meu entender, sempre caracterizaram o mundo traiçoeiro da política?
- Até que as hienas o cerquem e os abutres o devorem, será apenas uma questão de tempo, pensei.
Por isso, não pude conter um certo arrepio quando, no passado 25 de Abril, pressenti que aquele generoso cavaleiro, ainda com o mesmo olhar franco e leal de há quarenta e muitos anos atrás, já se encontrava insidiosamente cercado. E agora? – Perguntei-me. Resistirá ele valentemente ao último assalto, tal como o nosso professor nos ensinou?
- Claro que sim. A menos que seja traído no seu próprio reduto!... – diria certamente o velho Leandro Ferro se ainda fosse vivo.
Se, porventura, o Carmona cair, a nossa cidade, a sua última conquista, cairá também.
Mas, então, isso pouco importará, porque ele já conquistou os nossos corações…


José Carlos Brito de Almeida

Anonymous said...

A outra casta

Li o post "Carmona é de outra casta" e agradou-me sentir que mais alguém sente um pouco daquilo que eu sinto.
O Carmona Rodrigues é realmente de outra casta.
Bem diferente daqueles que, sob a eterna protecção dos seus soberbos papás, foram criados bem longe da população comum e das suas reais necessidades.
"Enfants terribles" de ontem, os demagogos de hoje persistem nas suas laboriosas diabruras de outrora, confundindo-nos a todos com as suas pobres e martirizadas criadas de infância.
Mas não me referia simplesmente àquele "menino" eventualmente irresponsável, que vem citado no referido post.
Outros há que, ao contrário daquele, acometem ardilosamente pela retaguarda que eles próprios deveriam proteger. São, na minha modesta opinião, aqueles que fazem o maior estrago. E, o pior de tudo, é que a sua argúcia é sempre subtil e pouco visível...

José Carlos Almeida

Anonymous said...

É pena que quem está na câmara para trabalhar e não como tranpolim para subir, seja posto de fora por quem vive da política e a faz um fim em si mesma.

Anonymous said...

Os Politicos que temos hoje são de 4 tipos:
1º - Uns São meninos, tipo Sá Fernandes, mimados e malcriados que dão mau nome à classe politica, nunca fizeram nada e só sabem destruir.
2º - Outros, são um conjunto de pessoas que não tem escrúpulos, tem origem duvidosas e, normalmente, vergonha dos seus pais, querem subir a todo o custo, pisando tudo e todos;
3º Temos depois aqueles que sendo mediocres (e estes são infelizmente a maioria) se colam a um partido pois nada faziam se não houvesse democracia;
4º Temos por último os verdadeiros politicos aqueles, como Pacheco Pereira,Rui Rio, Rubem de Carvalho, Manuel Alegre que estão em vias de extinção.
Existe ainda uma outra classe, a 5ª - aquela em que se insere o actual Presidente da CML, não são politicos, mas são pessoas independentes, honestas, trabalhadoras que se entregam a uma causa porque acreditam nela, normalmente odiados por todos os outros tipos. Esta é a história de todos aqueles e foram muitos que tramaram Carmona